jan 2025 | edição 01
2025 poderá ter recorde de recuperação de resíduos plásticos no Brasil
Chegou a newsletter oficial da 4H
Entenda a Nossa previsão
Ana Arsky – CEO da 4H
As previsões econômicas para o Brasil e para o mundo de uma forma geral para 2025 não apontam para um ambiente favorável ao crescimento. Na minha visão, isso significa que onde há desafio, há oportunidade. As análises feitas por especialistas da área econômica normalmente concentram-se em priorizar os cenários de inflação, altas taxas de juros e baixo crescimento econômico, resultando nas informações divulgadas por vários analistas e canais de notícias. Mas, a partir das informações que trago a seguir, me parece que, neste momento, a tão famosa frase “enquanto alguns choram, outros vendem lenços” não poderia ser mais apropriada.
Os desafios do mercado em situações de mudança de cenário é ter de mudar a forma com que está acostumado a lidar com ele; é necessário criar novas estratégias, novos produtos, novos mercados e, um novo comportamento para um cenário novo e de poucas certezas. No setor de reciclagem não é diferente. Então, é preciso entender como explorar os artefatos disponíveis para se adaptar e crescer em momentos de crise.
Em 2024 foram criados mecanismos que, se bem explorados, poderão impactar diretamente no crescimento do setor. Mas eles não são apenas de 2024. Desde 2010 a Política Nacional de Resíduos Sólidos tem dado, através da regulamentação da lei, direcionamento e oportunidades para o aumento da economia circular e da implantação da Logística Reversa para empresas que geram resíduos de embalagens através da venda de seus produtos, com ênfase em materiais como papel, papelão, plásticos, vidro e metais (entre eles o alumínio).
Como CEO de uma startup que se propõe a acelerar a economia circular dos plásticos através de tecnologia e inteligência de dados, este artigo tem como objetivo colocar a serviço a nossa especialidade e comunicar que, SIM, É POSSÍVEL bater o recorde de reciclagem de plásticos no Brasil em 2025.
Nossas análises são feitas baseadas em dados, por isto, começamos a trazer aqui um compilado de informações que ajudam a construir esta afirmação.
Infelizmente, mundialmente, a prática de registro de resíduos é auto declaratória. Isso significa que, por mais precisos que sejam os dados, eles se baseiam a partir de declarações pessoais em notas fiscais, uma prática muito frágil e de baixíssima governança. Por este motivo, os dados sobre resíduos são sempre incipientes e um tanto obscuros, o que leva os governos federal, estaduais e municipais a terem muita dificuldade de ter clareza sobre a realidade dos resíduos tanto urbanos quanto os industriais e do setor do agro.
Então, traremos dados disponibilizados por instituições confiáveis que acompanham resíduos no Brasil e no mundo há muitos anos levando em consideração que eles podem divergir um pouco da realidade.
Os resíduos no Brasil em 2023
Segundo a publicação “Panorama dos resíduos sólidos 2024” da ABREMA, a quantidade de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) gerada no Brasil foi de aproximadamente 80.957.467 toneladas. Deste total, 8,3% ou seja, 6,7 milhões de toneladas foram considerados materiais secos destinados à reciclagem. Segundo os dados apresentados pelo MMA num panorama de logística reversa no Brasil, desta massa de embalagens recuperadas 23% se referia a resíduos plásticos, ou seja, cerca de 1,5 milhões de toneladas. Este número é muito próximo ao divulgado pela ABIPLAST no estudo encomendado pelo Movimento Plástico Transforma, iniciativa do PICPlast, uma parceria entre a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) e a Braskem. O estudo é realizado anualmente, desde 2018, pela MaxiQuim, empresa de avaliação de negócios na indústria química.
A estimativa de geração de resíduos plásticos com base nos cálculos sobre os dados apresentados pela ABREMA seria de 6,8 milhões de toneladas. Ou seja, ainda há muito resíduo plástico a ser resgatado e destinado para a economia circular e a logística reversa com altíssimo poder de impacto social, ambiental e econômico em sua recuperação.
Em 2023 a meta de reciclagem de embalagens em geral era de 22% e apenas 7% foi alcançado em análise agrupada. Vale ressaltar que, no Brasil já existem 13 acordos setoriais para a logística reversa com metas de aumento de reciclagem e punições rigorosas aos não cumpridores e o setor de embalagens tem outros desdobramentos de acordos setoriais específicos para cada tipo de material. Mesmo com a composição aplicada de 23,5% de plástico da quantidade de embalagens recuperadas, não corresponde nem de perto aos 22% totais do acordo setorial estabelecido. Mesmo assim, foram cerca de 1,6 milhão de toneladas de plásticos recicladas no Brasil em 2023, segundo os cálculos baseados nos dados fornecidos.
Entenda os acordos segundo a tabela a seguir:
Fonte: Panorama de resíduos sólidos no Brasil 2024 – ABREMA
O setor de plásticos é fragmentado de acordo com a categoria da matéria-prima e deverá em breve ter metas de acordos setoriais definido por cada tipo de matéria-prima.
Onde estão as oportunidades?
Desde 2022, a legislação vem construindo caminhos para o aumento da reciclagem e logística reversa no país. O ano foi bastante representativo em termos normativos segundo a ABREMA,” …a começar com a edição do Decreto no 10.936/2022, que trouxe nova regulamentação para a Lei 12.305/2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Decreto no 11.043/2022, que instituiu o Planares – Plano Nacional de Resíduos Sólidos, o principal instrumento previsto na Lei, que estabelece as estratégias, diretrizes e metas para o setor, num horizonte de 20 anos.”
A nova regulamentação da PNRS estabelece diretrizes para a gestão integrada e o gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos, visando à proteção da saúde pública e à preservação do meio ambiente.
Entre os pontos principais, destacam-se:
- Responsabilidade Compartilhada: Define a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos entre fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
- Coleta Seletiva: Estabelece diretrizes para a implantação de sistemas de coleta seletiva pelos municípios, visando à separação e destinação adequada dos resíduos recicláveis e orgânicos.
- Logística Reversa: Regulamenta a implementação de sistemas de logística reversa para produtos e embalagens, responsabilizando os fabricantes e importadores pelo retorno dos resíduos após o consumo.
- Planos de Resíduos Sólidos: Dispõe sobre a elaboração de planos de gestão integrada de resíduos sólidos por parte dos estados e municípios, bem como planos de gerenciamento de resíduos por empresas geradoras.
- Incentivos Econômicos: Prevê a possibilidade de incentivos fiscais e financeiros para fomentar a gestão adequada dos resíduos sólidos e a reciclagem.
Além disso aborda a necessidade de educação ambiental, a inclusão de catadores de materiais recicláveis e a promoção de tecnologias limpas para minimizar a geração de resíduos com o objetivo de aumentar a reciclagem e promover o desenvolvimento sustentável no país.
Destacamos do Planares as principais diretrizes estratégicas com o foco no aumento da reciclagem dos resíduos sólidos e recuperação energética a seguir:
A) Estímulo ao mercado de reciclagem e produtos recicláveis Identificando barreiras técnicas, econômicas e jurídicas, criando incentivos fiscais e tributários para produtos reciclados, evitando bitributação, promoção de informações padronizadas sobre reciclabilidade e a valorização de resíduos orgânicos nos municípios.
B) Expansão da coleta seletiva através de campanhas, apoio na estruturação de municípios, capacitação de gestores e, principalmente, vincular a segregação na fonte um requisito em licenciamento ambiental.
C) A Implementação de sistemas de logística reversa a nível nacional, ampliando a obrigatoriedade para mais produtos e priorizando parcerias com catadores de materiais recicláveis.
D) Valorização e aumento da reciclagem de resíduos secos com foco na expansão e modernização de unidades recicladoras e de triagem, priorizando municípios com mais de 100 mil habitantes e vinculando o licenciamento de aterros sanitários a unidades de triagem.
E) Recuperação de resíduos orgânicos apoiando projetos de compostagem e biodigestão para grandes geradores com a simplificação dos procedimentos para instalação e o incentivo de fertilizantes produzidos a partir dos resíduos.
F) Estruturação do mercado de aproveitamento energético de RSU identificando barreiras, propondo soluções, promovendo o uso de biogás, biometano e outros combustíveis derivados de resíduos e estabelecendo o aproveitamento energético de RSU na matriz energética nacional
G) Aumento do aproveitamento energético de RSU facilitando condições iniciais para energia elétrica, tornando obrigatória a captação de biogás em aterros novos, integrando o uso de biometano a mobilidade urbana e incentivando a sua produção e integração na rede de gás natural.
Essas diretrizes promovem a economia circular, a sustentabilidade na gestão de resíduos e a integração de tecnologias para maximizar o reaproveitamento e a reciclagem no Brasil.
Já em 2024, o governo federal protagonizou 2 outros grandes avanços na direção da economia circular sendo a primeira com a regulamentação da “Estratégia Nacional para a Economia Circular” pelo Decreto 12.082/24 e, ao final do ano, a regulamentação da Lei de incentivo à reciclagem através do Decreto 12.106/24.
Resumo do Decreto nº 12.082, de 27 de junho de 2024
Através do Decreto 12.082/2024 o Governo Federal dá direcionamento para a transição do modelo de produção linear para um modelo circular, com foco no uso eficiente de recursos naturais e práticas sustentáveis ao longo da cadeia produtiva.
Suas principais diretrizes são:
- Eliminação da poluição e redução de resíduos: Priorizar a redução de rejeitos e incentivar práticas que minimizem impactos ambientais.
- Manutenção do valor dos materiais: Prolongar o ciclo de vida de produtos e materiais.
- Regeneração ambiental: Incorporar práticas que promovam a restauração dos ecossistemas.
- Redução da dependência de recursos naturais: Incentivar a reutilização e o uso de materiais reciclados.
- Produção e consumo sustentáveis: Promover eficiência e responsabilidade em toda a cadeia produtiva.
- Ciclo de vida ampliado de materiais: Fomentar projetos que maximizem a durabilidade de produtos.
- Transição justa e inclusiva: Garantir que a transição para a economia circular seja equitativa, abordando desigualdades sociais, raciais e de gênero.
Além disso, estabelece como principais objetivos a criação de um ambiente normativo e institucional favorável com metas e indicadores de circularidade, desenvolvimento de mercados para produtos recicláveis e reutilizáveis e um alinhamento com políticas públicas e compromissos internacionais.
Ainda tem como principais objetivos, o fomento à inovação e educação, o incentivo à redução de recursos e resíduos, a criação de instrumentos financeiros, a articulação interfederativa e inclusão de trabalhadores informais e catadores. Por fim, ainda cria o Fórum de Economia Circular, um colegiado consultivo instituído pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços para monitorar e avaliar a implementação da Estratégia Nacional de Economia Circular.
Também em 2024 começaram a surgir as entidades gestoras, apoiadas pela ABDI para o registro das Notas Fiscais de comercialização dos resíduos como certificação de logística reversa, como a Recircula Brasil para o setor de plástico e o Circula vidro para as empresas com embalagens deste material.
A criação de entidades gestoras setoriais pode trazer diversas oportunidades para aumentar os índices de reciclagem de resíduos plásticos no Brasil em 2025 e, em nossa visão as 3 principais oportunidades são:
- Organização e Centralização da Logística Reversa, coordenada por entidades gestoras, possibilita uma melhor organização da coleta, transporte e destinação de resíduos plásticos, reduzindo a fragmentação na gestão, garantindo maior eficiência operacional e ampliando significativamente os índices de reciclagem no Brasil.
- O incentivo a novas tecnologias e infraestrutura pelas entidades amplia a capacidade de processamento e melhora a qualidade dos materiais reciclados, tornando-os mais competitivos no mercado.
- Fortalecimento de Parcerias e Educação Ambiental com a criação de programas gera maior engajamento social e empresarial, promovendo a valorização dos resíduos e garantindo retorno sobre o investimento.
Essas ações contribuem diretamente para a elevação dos índices de reciclagem, alinhando o Brasil às metas de sustentabilidade e economia circular.
Por fim, ainda tivemos o Projeto de Lei (PL) 3.944/2024, aprovado pelo Senado e pela Câmara dos Deputados, que proíbe a importação de resíduos pelo Brasil. Como seus principais pontos, ressaltamos:
- Proibição da importação de resíduos sólidos: O projeto visa impedir a entrada de resíduos sólidos no país, reforçando a gestão interna desses materiais e incentivando a reciclagem e o tratamento adequado dos resíduos gerados nacionalmente.
- Exceções previstas: A proposta permite a importação apenas em casos específicos, como resíduos destinados a processos industriais que não possuam similar nacional ou que sejam essenciais para determinadas cadeias produtivas.
Em 19 de dezembro de 2024, o projeto foi aprovado pelo Plenário do Senado e encaminhado para sanção presidencial.
O cenário mundial
Paralelamente, algumas iniciativas globais também estão entrando em ação com o intuito de ajudar no aumento da reciclagem de resíduos de plástico. A ONU vem construindo ao longo dos últimos 2 anos o Tratado global contra a poluição plástica nos oceanos envolvendo empresas, governos e sociedade civil num objetivo comum de regeneração ambiental. O Tratado ainda está sendo negociado mas já derivou iniciativas importantes a seguir:
O Blue Keepers, uma iniciativa do Pacto Global da ONU no Brasil que visa mobilizar recursos e engajar empresas, governos e a sociedade no combate à poluição dos oceanos por resíduos sólidos, especialmente plásticos.
O projeto atua por meio de ações preventivas e corretivas, alinhadas ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 (Vida na Água) e à Agenda 2030. Entre suas atividades, destacam-se o mapeamento de pontos críticos de vazamento de resíduos plásticos no país, a promoção de soluções inovadoras para interceptação e coleta de resíduos flutuantes, e a realização de coletas amostrais em áreas litorâneas para identificar a origem dos poluentes.
O Projeto desenvolveu um profundo estudo entre 2021 e 2022 mapeando todas as fontes de escape de resíduos plásticos para o oceano no Brasil.
Em 2024, o Blue Keepers expandiu suas ações para a Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, realizando coletas trimestrais de resíduos em praias oceânicas e lagunares, em parceria com a concessionária Prolagos.
O Crédito de Plástico ou Plastic Waste Reduction Standard, desenvolvido pela Verra, estabelece um sistema de créditos de plástico que visa incentivar a coleta e reciclagem de resíduos plásticos globalmente. Cada crédito representa uma tonelada métrica de plástico coletado ou reciclado além do que ocorreria na ausência do projeto, promovendo investimentos em infraestrutura e tecnologias de gestão de resíduos. O programa emite dois tipos de créditos: Créditos de Coleta de Resíduos (Waste Collection Credits – WCCs) e Créditos de Reciclagem de Resíduos (Waste Recycling Credits – WRCs). Ao adquirir esses créditos, organizações contribuem para a redução da poluição plástica e impulsionam a economia circular, garantindo que o plástico seja coletado e reciclado de forma eficaz. Com este mecanismo, bancos importantes como o Banco Mundial e Citi começaram a apoiar maciçamente projetos nesta direção.
Desta forma, mesmo que os incentivos à reciclagem no Brasil não sejam suficientemente atraentes para as empresas, a exportação do plástico com o dólar em alta pode ser uma alternativa interessante financeiramente para o mercado de reciclagem e também para cooperativas.
Adicionalmente, na corrida para a redução de emissões de GEE, encontramos nos resíduos uma fonte de mitigação através da economia circular. Resíduos são responsáveis por mais de 5% das emissões globais – mais que o setor aéreo e marítimo juntos. Gerar negócios, empregos e aquecimento de economia me parece, sem sombra de dúvida uma opção melhor do que o custo para destinação a aterros e as emissões de GEE e destaco aqui 3 oportunidades de atrelar o aumento da reciclagem de resíduos plásticos às mitigações de emissões:
1. Substituição de Matéria-Prima Virgem
A reciclagem de plásticos diminui a necessidade de produzir resinas plásticas a partir de fontes fósseis, como petróleo, reduzindo as emissões de GEE associadas a esses processos. Além disso, transforma resíduos em insumos industriais, impulsionando a economia circular e promovendo sustentabilidade na cadeia produtiva.
2. Redução de Resíduos em Aterros
Ao redirecionar plásticos para a reciclagem, evita-se sua destinação a aterros sanitários, reduzindo emissões de metano provenientes da decomposição de resíduos orgânicos associados. Essa prática também minimiza os custos com manutenção e expansão de aterros, promovendo soluções mais econômicas e ambientalmente responsáveis.
3. Geração de Energia Alternativa com Resíduos Não-Recicláveis
O aproveitamento energético de plásticos não recicláveis, por meio de tecnologias como a pirólise ou incineração com recuperação de energia, reduz a dependência de combustíveis fósseis e evita emissões de GEE associadas à geração convencional de energia, enquanto cria novas oportunidades de negócios e inovação tecnológica.
Com referência às embalagens PET, conforme o 9º Censo da Reciclagem de PET no Brasil (ABIPET, 2013, ano base 2012), há 390 empresas de recicladores e aplicadores de PET no Brasil. Já segundo a Abiplast, em 2018, 12.091 empresas de transformados plásticos pós consumo encontravam-se instaladas nas regiões brasileiras, sendo 1.073 referentes a indústria de reciclagem (ABIPLAST, 2019).
Neste sentido a ABRE (Associação Brasileira da Embalagem) também está assumindo um importante papel na comunicação com o consumidor para orientá-lo ao descarte correto. Além do “Lupinha” um QR CODE presente nas embalagens para trazer informações por texto e voz para guiar o consumidor, a associação ainda abriu frentes na área de Sustentabilidade e Inovação e já disseminou entre os seus associados a cultura da embalagem positiva, desenvolvendo uma ferramenta de autodeclaração ambiental para o monitoramento dos impactos das embalagens, uma cartilha de embalagens sustentável e está desenvolvendo uma metodologia de Constelação da Embalagem Sustentável.
Para além de incentivos financeiros
Além dos incentivos, talvez um dos maiores fatores que podem destravar os avanços é a tecnologia. Hoje já temos tecnologia avançada em máquinas para reciclagem mecânica, detergentes para a limpeza de descontaminação e também avanços consideráveis na reciclagem química. O Desafio de fazer o resíduo chegar às recicladoras também está favorecido e apoiado pela tecnologia. Para o desafio da mineração dos resíduos, a 4H usa tecnologia avançada e inteligência de dados, permitindo o controle em tempo real da geração e movimentação dos resíduos. O domínio do conhecimento de volume, categoria e localização, permite garantir o fornecimento da matéria prima para o mercado e dar segurança para que investimentos em ampliação da capacidade instalada sejam feitos com garantia de retorno financeiro.
Entre os projetos elegíveis para a aplicação de benefícios fiscais na Lei de incentivo à reciclagem está justamente o investimento em tecnologias. Na minha visão é a primeira vez que uma lei de incentivo possibilita as empresas a criarem negócios e amortecer os riscos de ROI ( retorno sobre o investimento). Os projetos apresentados podem ter uma ou mais das seguintes características:
- Capacitação para a promoção, o desenvolvimento, a execução ou o fomento de atividades de reciclagem ou de reuso de materiais;
- Incubação de organizações que atuem em atividades de reciclagem;
- Pesquisas e estudos para subsidiar ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
- Investimento em infraestrutura de organizações que atuem em atividades de reciclagem
- Aquisição de equipamentos e de veículos para a coleta seletiva e cadeia de transformação;
- Organização de redes de comercialização e de cadeias produtivas integradas organizações que atuem na cadeia de materiais reutilizáveis e recicláveis;
- Fortalecimento da participação dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas cadeias de reciclagem;
- Desenvolvimento de novas tecnologias para agregar valor ao trabalho de coleta de materiais reutilizáveis e recicláveis.
Como podemos perceber, há muitas oportunidades disponíveis e, proporcionalmente, poucos profissionais no Brasil disponíveis para, além de conhecimento e domínio da legislação e, expertise em resíduos, também tem uma visão empreendedora e de inovação com capacidade de conectar os pontos e utilizar dados para montar planos de negócios que reduzam os riscos e a insegurança de prejuízos.
Por este motivo, a tecnologia se faz necessária para dar robustez para esta demanda e destravar o crescimento dos investimentos no setor. Com um mundo globalizado e a governança necessária para garantir os indicadores ESG, a tecnologia que substitui registros de documentos auto declaratórios por evidências comprobatórias direto do gerador e registros na nuvem em tempo real é um salto quântico necessário para que indústria e grandes geradores consigam definitivamente ter dados reais sobre seus resíduos.
Todas essas novidades requerem também um olhar inovador, uma mudança de práticas e maior controle das operações que se tornaram gigantescas. Pela dimensão global do desafio, fica claro que é impossível avançar na velocidade que o mundo precisa em gestão de resíduos com processos tradicionais. Todas as teorias de escolas de negócios e inovação afirmam que não será fazendo mais do mesmo de 20 anos que avançaremos na direção e na velocidade que as transformações estão acontecendo e, para uma gestão Zero Aterro para os resíduos não é diferente!
Que venha 2025. Com inovação e inspiração!

Ana Arsky é Arquiteta e Urbanista e Especialista em resíduos pelo Programa Reabilita da Universidade de Brasília desde 2008.
A 4H é uma startup criada para acelerar a economia circular utilizando tecnologia e inteligência de dados para o aumento da recuperação de resíduos plásticos.